– Vamos marcar a cirurgia?
– Ué, marcar a cirurgia? Não vamos deixar a natureza dar o sinal dela? Eu gostaria de ter um parto normal.
– Não porque é mais indicado uma cesárea no seu caso e também, não estarei na cidade na data provável do parto.
– Definitivamente, não! Vamos ver quando a natureza dará o sinal dela.

Pensei que a data “provável” do parto era uma data, como o próprio nome diz, provável. Mas parece que os médicos levam muito a sério esse negócio e querem fazer os nascimentos de forma menos provável e mais exatos do que imaginei. Este é um diálogo que deve acontecer muito frequentemente nas clínicas obstétricas do Brasil. Com algumas pequenas modificações, foi mais ou menos o que aconteceu conosco também.

A Organização Mundial de Saúde recomenda que apenas 15% dos partos sejam cesáreas. No Brasil, e mais especificamente nos hospitais particulares, esse número chega a 84%, de acordo com a Agência Nacional de Saúde. Na rede pública este percentual cai para 31%. Deixando de lado as discussões políticas e os porquês destes números, que de certa forma temos uma idéia de suas motivações, até aceitamos uma cesárea, mas que ela respeite a natureza das coisas. Não que seja uma programação de data e hora para a melhor comodidade dos médicos.